A história de Bragança está diretamente ligada ao desbravamento e divisão do território nacional em capitanias hereditárias. Segundo consta, a Expedição de D. Francisco de Souza, em 1601, depois de atravessar o sul de Minas Gerais, avistou o Pico do Lopo (nas imediações da atual cidade de Vargem ) e ali acampou. Esta é a primeira notícia que se tem de alguém ter pisado em parte do território de bragantino. Anos depois, em 1725, Bartolomeu Bueno da Silva (o segundo Anhanguera) registrou a descoberta de ouro na região central do país. E o território bragantino ficou sendo passagem obrigatória das Entradas e Bandeiras.
No entanto, outras trilhas foram abertas, descendo pelo rio Jaguari, para descobrir pequenos veios de ouro no rio Camanducaia, atualmente banhando o município de Pedra Bela e em alguns pontos o município de Socorro. Essa trilha bem mais tarde se transformaria no antigo caminho Bragança / Pedra Bela.
No momento em que a produção de ouro no Brasil estava no auge, a Capitania de São Paulo por haver perdido grande parte de seu território, ficando sem ouro para explorar, vê-se obrigada a desenvolver a produção agrícola. Já no século XVIII, a região bragantina se torna grande produtora de café, principal produto de exportação do império brasileiro. O clima adequado e a fertilidade dos solos nas elevações da Serra da Mantiqueira possibilitavam a produção do café das variedades arábicas, que se tornaria famoso e muito procurado pelos importadores internacionais.
Também, aventureiros e pecuaristas se aproveitaram das planícies ricas de pastagens naturais para povoá-las com rebanhos bovinos, suínos e equinos. Em toda essa evolução, inúmeras fazendas da região tornaram-se modelos, não somente pela produtividade, mas pelo requinte de suas edificações. Muitos dos empresários rurais, antes vivendo em casebres ou choupanas, construíram mais tarde verdadeiros palácios, reflexo do acúmulo do capital do café. Assim, surgiram várias cidades como Bragança nesta região, fruto das pequenas habitações construídas pelas passagem dos Bandeirantes.
Foi na segunda metade do século XVIII, ano de 1763, que a família Pires Pimentel fez uma doação ao Clero de um pequeno terreno para que fosse construída uma capela em homenagem à Nossa Senhora da Conceição. Segundo consta, esse feito foi uma promessa à Virgem que Dona Ignácia da Silva Pimentel fez para curar seu marido Antonio Pires Pimentel de uma grave doença.
Alcançada a graça, em agradecimento, o casal doou um terreno no alto de uma colina (hoje a praça central) para venerar a santa. Na verdade, naquela ocasião, já havia no local uma população considerável. Mas este fato acaba por tornar-se o marco político da fundação da cidade.
E a partir de então, o local ficou conhecido e começou a servir de passagem e descanso para tropeiros. E começaram a surgir, ao redor da capela, mais ranchos e barracas. Assim teve inicio o pequeno povoado que recebeu o nome de Conceição do Jaguary e que tem como data de fundação o dia 15 de dezembro de 1763.
Pouco tempo depois, em 13 de fevereiro de 1765, o povoado é reconhecido e recebe o nome de Distrito de Paz e Freguesia de Conceição do Jaguary. Quatro anos mais tarde, Conceição do Jaguary, que pertencia ao município de São Paulo, passou a pertencer à Vila de São João de Atibaia (hoje Atibaia). Cinco dias depois, Conceição do Jaguary recebe seu primeiro vigário e é elevada a Paróquia.
No censo de 1767, consta que Antonio Pires Pimentel nasceu em 1704 e sua esposa Ignácia da Silva Pimentel em 1706, e que residiam no “Jaguary Acima”. E tinham 4 filhos : José, Maria, João e Francisco. Ele faleceu em 17 de outubro de 1774, com 70 anos. E foi sepultado no pátio da Igreja Matriz. Quando da demolição da antiga Catedral, em 1967, foram encontrados, entre fragmentos de terra e taquara, restos de ossada humana, os quais foram entregues à Prefeitura para sepultamento no Cemitério Municipal. Pelo que se sabe a ossada não foi periciada. Seria da família Pimentel?
Apesar da luta de Atibaia contra as pretensões bragantinas, em outubro de 1797, Conceição do Jaguarí consegue finalmente sua emancipação e é elevada à categoria de Vila, com o nome de Vila Nova de Bragança (em homenagem a Dona Maria I, pertencente à Dinastia de Bragança de Portugal), desligando-se então de Atibaia.
Aos poucos, as barracas dos Bandeirantes iam sendo trocadas por casas de pau a pique. Nessa fase iniciam-se os conflitos entre São Paulo e Minas Gerais pela demarcação de seus territórios e a Vila Bragança torna-se estratégica e fundamental para a capitania paulista.
E em 20 de abril de 1856, foi elevada a categoria de “cidade”, passando a denominar-se Bragança. Três anos depois, em 6 de maio 1859, foi criada a Comarca de Bragança compreendendo as cidades de Bragança, Atibaia, Nazaré, Amparo e Santo Antonio do Curralinho (hoje Piracaia), além de Pedra Bela, Pinhalzinho, Vargem e Tuiuti (estas duas últimas desligadas anos mais tarde).
As questões dos limites entre São Paulo e Minas Gerais se arrastam durante décadas e somente seriam solucionadas no início do século XX. Em 1936 foi resolvida a questão do limite entre os dois estados. Esse conflito durou 205 anos.
Em 30 de novembro de 1944, para diferenciar-se da cidade do Pará que tinha o mesmo nome, passou a chamar-se Bragança Paulista. E em virtude de seu excelente clima, em 28 de outubro de 1964, foi elevada à categoria de Estância Climática. Em 24 de fevereiro de 1964, perde parte de seu território, com o desmembramento dos distritos de Vargem, Pinhalzinho e Pedra Bela. Em 17 de abril de 1970, Vargem é reintegrada ao território bragantino. E em 30 de dezembro de 1991, novamente Vargem e também Tuiuti separam-se de Bragança.
A denominação BRAGANÇA lembra a antiga cidade de Bragança (foto acima), situada em Portugal, próxima do pequeno Rio Fervença, 12 quilômetros da fronteira espanhola. O nome BRAGANÇA refere-se à Casa de Bragança, dinastia reinante em Portugal desde 1640. A Bragança portuguesa crescera junto das ruínas da antiga Brigantia, em Portugal. Nos tempos dos romanos já era uma povoação muito importante. Durante as contínuas guerras dos cristãos e árabes, ela foi tomada e saqueada muitas vezes. Pôr isso, o nome Bragança era caro à alma portuguesa, como símbolo de tradição e bravura.
Dizem que o nome pode estar atribuído a um português, com o nome de Bragança, que era dono de um rancho para tropeiros, com pastos de aluguel, no bairro do Canivete, em fins do século XVIII. Mas nenhum documento revela ter existido esse tal português.
É mais certo que o nome BRAGANÇA foi escolhido provavelmente pelo interesse político-financeiro que Portugal tinha em nossa região, devido a proximidade das minas gerais, onde o ouro era explorado. Aqui era o “corredor” preferido dos Bandeirantes porque ligava o litoral com as terras do “eldorado”. Então o nome BRAGANÇA pode ter sido uma “bandeira de posse portuguesa” fincada aqui.
Também o nome Bragança pode ser encontrado nos seguintes lugares:
1) Bragança – rio do Estado do Espírito Santo, afluente da margem direita do Santa Maria;
2) Bragança- baixio situado no oceano a 60 milhas da baía de Guajará, no Estado do Pará;
3) Bragança – ilha do Estado do Pará, entre o Atlântico e a foz do Amazonas, no município de Macapá; e finalmente
4) Bragança – cidade do Estado do Pará, situada à margem esquerda do rio Caetê.
Em 1984 Bragança Paulista se torna Sede de Região do Governo do Estado de São Paulo, compreendendo 16 cidades: Bragança, Amparo, Atibaia, Águas de Lindóia, Bom Jesus dos Perdões, Joanópolis, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Nazaré Paulista, Piracaia, Pedra Bela, Pinhalzinho, Serra Negra, Socorro, Tuiuti e Vargem.
No Estado de São Paulo, atualmente, 70 municípios são classificados como estância, pois oferecem condições de lazer, recreação, recursos naturais e culturais específicos. Além disso, a cidade também tem de ter infra-estrutura e serviços direcionados ao turismo, seguindo legislação específica e pré-requisitos para qualificação.
Bragança é um dos municípios paulistas considerados estâncias climáticas pelo Governo do Estado de São Paulo por cumprir determinados pré-requisitos definidos por lei estadual. Tal status garante uma verba maior por parte do Estado para a promoção do turismo regional.