Festa da Linguiça

A FESTA DA LINGUIÇA acontece anualmente no recinto do Posto de Monta, no mês de setembro, e reúne dezenas de produtores da famosa especiaria, comercializando mais de 1 tonelada de linguiça dos mais variados pratos, porções e lanches. Tem linguiça vegetariana, à base de soja, escondidinhos, empanados, petiscos, pizzas, pasteis, assados em grelhas, em feijão preto e tudo mais que a imaginação permitir. Uma festa familiar com espaço kids e apresentações musicais e encontro de veículos antigos. A entrada é gratuita.
A HISTÓRIA DA FAMA
Segundo o historiador José Roberto Vasconcellos, uma italiana, de nome Palmira Boldrini, em 1911, iniciou a comercialização de uma linguiça, tipo caseira, feita de pernil de porco, a qual ficou conhecida na época como “lingüiça da dona Palmira de Bragança”. Já nos anos de 1920 e 1930, muitos bragantinos comercializavam o produto em outras cidades da região. E em sua casa, na Praça José Bonifácio, nº 8, Dona Palmira preparava a linguiça que chegava às repartições públicas das cidades de São Paulo e sul de Minas. Vendedores percorriam a região com suas camionetas ou furgões, levando a linguiça da terra. Vários comerciantes se enriqueceram com essa prática. Eram os Palombellos, os Calzavarra, Bertolaccini, Maffei, Rossi, Magrini, Lossaso, Titanegro, Vergili, Sabella, Centini, Januzzi, Lauletta e outros.
UMA OUTRA VERSÃO
Uma outra versão é associada a Octavio Pereira Lente, integrante da Força Expedicionária Brasileira, que lutou na Segunda Guerra Mundial, na Itália. Naquele país, teria experimentado a linguiça calabresa (região da Calabria) e quando retornou ao Brasil conheceu um casal italiano que sabia da receita daquela iguaria italiana. Então, em 1948, começou a produzir a linguiça no bar que herdou de seu pai, o  Bar do Rosário, ao lado da igreja do Rosário. O pequeno bar, ali na praça do Rosário, ficava ao lado de um movimentado ponto de onde saiam os ônibus para a Capital e cidades de Minas; e assim a propagação boca a boca não demorou a chegar em outras cidades. E a fama da linguiça bragantina se espalhou pela região. E foi assim que nas décadas de 50 e 60 a linguiça de Bragança ganhou fama nacional.
HÁ MAIS TEMPO
Mas a história da linguiça bragantina na verdade remonta à época das Bandeiras, século XVIII. Naqueles tempos, as minas de ouro eram bastante assediadas pelo governo português. E a região mais próxima das “minas gerais” era aqui (perto da divisa de São Paulo e Minas). Então aqui passou a ser o ponto de descanso dos tropeiros. Aqui eles tomavam suas cachaças, aqui jogavam baralho, aqui dormiam e faziam suas refeições. E desde aquela época a carne suína era a mais fácil de se transportar, a mais popular, a mais barata e mais acessível que a carne bovina. Surgiram então aqui então alguns “porqueiros”, pequenos sítios de criação suína, consequência do movimento de ida e vinda dos Bandeirantes que aqui passavam e compravam a carne do porco. E assim foi se formando aos poucos um núcleo de suinocultura nesta região.
O MATADOURO
E as fazendas que foram surgindo viram na carne de porco um comércio promissor, de fácil enriquecimento, além do café. Aqui em Bragança, o conhecido Matadouro, hoje nome de bairro, era o abatedouro que abastecia esses pontos comerciais. A banha e o sangue do porco eram fartamente comercializados. E sobrava a carne nobre do porco que era então utilizada para fazer linguiça; e linguiça de carne nobre, de primeira, da boa sobra do porco. Segundo se tem registro, a primeira fábrica oficial de linguiça de Bragança pertencia aos Palombellos, tradicional família bragantina, e data do começo do século passado, provavelmente 1908. O livro do escritor bragantino Amilcar Barletta retrata bem essa história. Ainda hoje, diversos são os estabelecimentos que comercializam e é grande a procura pelos visitantes. E em todos bons restaurantes, bares, açougues e até mesmo à margem das rodovias de acesso de Bragança, a famosa “Linguiça de Bragança” pode ser encontrada. Bragança hoje detém o título de “capital nacional da linguiça”.